T. Como é que se mete glifs?
T. Estás só a fazer lifts…
T. Vou treinar as skills!
T. Ah já tenho uma melhor hurtstone!
T. Corruption ok já tá.
T. N encontro glifts.
T. Não há o do carlsbolt tá aqui a do emolate.
T. Oh Dani eu faço miss!
WTF?!
O meu irmão é um nerd e eu só agora é que percebi!
O miúdo/adolescente passa os fins de semana a falar um dialecto muito estranho com pessoas do mundo virtual que parecem falar na mesma linguagem que ele.
E assim estávamos sentados lado a lado cada um com o seu laptop. Ele de auscultadores e eu a ouvir aquelas frases de adolescência/parvoice crónica e a pensar que era bem mais giro na minha época.
Não tinha amigos virtuais mas sim de carne e osso, não tinha computador portátil para falar com as minhas amigas mas passávamos as tardes umas em casa das outras a vestir bonecas e a fazer joguinhos básicos como o stop, a forca, a batalha naval o quantos-queres e a ver o programa da Disney, no parque a jogar ao elástico e a andar nos baloiços.
Ele não sai com os amigos a não ser esporádicamente ao cinema, os jogos passaram a ser com monstros e seres estapafúrdios. Não brinca, não ri, não diz disparates além dos que ouvi ontem. Nem me lembro da última vez que o vi dar uma gargalhada espontânea.
Divide-se entre o pc e o telemóvel e a webwrite que tanto deixa a desejar.
O primeiro livro de pessoas adultas que li foi "Os filhos da droga", o dele foi ... o "Harry Potter"?!
De que vale criar pessoas nesta sociedade de monstros, de isolamento, de frases estranhas, termos desconhecidos, miúdos sem sentido de humor que se perdem entre o Dragon Ball, o WWE, o WOW e outros iguais.
Será que os meus pais não vêem e andam demasiado ocupados com a vida que já se adaptaram a esta realidade? Eu não…
Ainda hoje guardo recordações da minha infância, amigas com quem ainda mantenho contacto e é tão bom recordar as coisas que ficaram desses tempos.
O que será dele quando olhar para trás? Que laços cria ele com estes amigos virtuais?
Vivemos numa era de excesso de comunicação mas para que serve, senão para queimar os melhores anos da vida em frente a um monitor?
P.S. raio de tempo que me dá para a nostalgia!
5 comentários:
Sofia,
A nostalgia é, incontornávelmente, um sentimento que, de vez em quando, nos agarra pelos colarinhos, sem dúvida. Mesmo assim, o que acabas de referir é um reflexo da sociedade actual, cada vez mais virtual e menos humana. Tens de dar uns empurrões ao teu irmão, para ver se ele se deixa atrair pelo "dark side of the force":)...
E nostalgia à parte, sabe bem recordar o que já se viveu:)
Ks
Hey....alguem falou em dark side of the force? :P
Não especificaste a idade do teu irmão, mas assumo que tenha mais do que 12 anos, certo?
Já tinha idade para estar atrás das miudas, de partir uma clavivula ou esfolar um joelho a andar de bicicleta.
Chama a atenção dos teus pais para ele vir para o lado negro da força !!! :P
PP_Fantasma,
Eu bem tento mas ele não ouve. barricou-se no quartel general e abstraiu-se do mundo real.
Kiss**
Jedi,
Tem 14 anos, não precisa de ir atrás das miúdas porque elas estão à distância de uma sms, andar de bicicleta é giro mas segundo o próprio é muito mais giro passar o fim de semana agarrado ao pc a dizer barbaridade...
Quanto ao lado negro da força! humm não sei si me gusta... lol :)
Concordo absolutamente contigo. Recordo a minha infância com alguma saudade, dos dias que passava em casa dos meus amigos, das tardes inteiras a andar de bicicleta ou a brincar com os meus carritos... Hoje em dia, parece que morrem se ficarem sem o telemóvel! Questiono-me sobre o que é que os jovens de hoje vão recordar da sua infância/adolescência. Temo que daqui a uns anos eles "olhem" para trás e não vejam nada.
Beijitos,
Nuno.
É a geração tecnológica!
Excesso de comunicação e falta de ligações humanas...
bjs
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