sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Deficiências familiares



Todas as familias têm um problema, uma deficiência, uma mania, qualquer coisa. Alguns não se falam, outros matam-se, outros são felizes e contentes mas maluquinhos e o problema da minha familia materna (e que é pequena porque a regra imposta pela seita é ter só um filho mas nenhum era mesmo o ideal), é aquilo de que menos percebo nesta minha existência, o Futebol.



Para que esta patologia tivesse tomado as porporções que tem hoje só foi possível com o carisma de personagens como o meu tio, sendo que este desenvolveu uma grave e irremediável doença encontrando-se já em fase terminal, chamada Síndrome Benfiquista. Padece de toda a sintomatologia do adepto crónico, (taquicardia, queda de cabelo, tremores e suores frios) e de um exímio treinador de sofá (tem sempre várias teorias e criticas a fazer à constituição da equipa do coração) que por sua vez já contaminou o filho dele, meu primo (adepto normal que ainda não tirou o doutoramento como o seu pai) e a sua conjuge, minha tia (adepta passiva). Fazem ainda parte da unidade de doentes contagiados por este síndrome o meu pai (que está no limite do simpatizante e início do adepto uma vez joga de calcanhar contra o sofá e adormece no intervalo do jogo, deve ser do cansaço), a minha mãe (é a adepta que mais me enerva por não a ter conseguido converter) e o vendido do meu irmão (para o qual ainda estou a pensar num método eficaz para o reter em casa até aos 18 anos).



Desta parte da familia apenas eu possuo imunidade, uma vez que sou do contra e decidi desde tenra idade que não gosto de vermelho nem de pássaros de rapinas nem de futebol.



O caso mais complicado está precisamente na matriarca da familia, a minha avó!

Ela tem uma relação amor-ódio com o desporto rei, que segundo a própria não desgosta, mas estando ela em comunhão de mesa e habitação com lampiões doentes, não lhe fica nada bem a atitude que tenho vindo a verificar de há uns anos a esta parte.



A minha avó é simpatizante do FCP (sorrisinho maléfico), e não assume! Afinal não sou a única ovelha negra da familia, e é facilmente verificado em dias de jogo que coloquem em oposição as duas equipas.



Se para mim é uma verdadeira tortura permanecer 90 minutos a ver um jogo sem ser no próprio estádio a ouvir os cânticos das claques e a utilizar o meu falcon eye para ver por onde pára o homem das queijadas de Sintra, tornou-se numa comédia desde que todos nos apercebemos que ela age como uma "dragona".



Faço questão de me sentar em frente aos enfermos, enquanto estão de olhos postos na televisão a observar o despique e reacções da minha avó (que faz figas e juro que já vi) perante o estado de nervos, ansiedade e desespero do meu tio, que é das coisas mais hilariantes que tenho assistido.



Abaixo ficam alguns dos sintomas e características da doença acima referida sem qualquer base científica, alertando para o facto de que o único tratamento de eficácia comprovada é o uso contínuo de 605 muito forte 1 x por dia após a refeição.



Sintomas de um adepto:

- Nervoso miudinho passando a tiques e tremeliques com vontade de urinar à medida que se aproxima a hora do jogo;

- Taquicardia, parecendo enfarte do miocárdio quando a equipa adversária marca golo;

- Suores frios intercalado com arrepios;

- O vestuário do dia-a-dia incluí variadas peças com a cor do clube sob o pretexto de ser a preferida;

- Verbalização de muitas palavras numa fracção de segundos entre as quais inclui uma colecção outono/inverno de ofensas ao árbitro e fiscais de linha.



Alimentação de um adepto:

- Coirato, courato ou corato, conforme a barraca, e biorra, mini ou mine;

- Feveras, feberas ou febras de porco

- Tremoços ou marisco do Eusébio e amendoins ou alcagoitas.



Tipo de adepto:

- Jogador virtual, é aquele que simula o próprio jogo contra o que estiver mais perto;

- Treinador de sofá, é o que possuí uma capacidade estratégica e ofensiva evidenciada na linguagem corporal e nos gritos durante a visualização do jogo;

- Normal é o que chama nomes aos jogadores, árbitros, treinadores e adjuntos e ainda ao vizinho de lado;

- Passivo que é como quem diz casado com um dos acima referidos.



Perfil do adepto:

- Benfiquista - gosta de cores quentes desde laranja ao vermelho passando pelo fushia que dizem ser cor de macho. Veneram a Fáfá de Belém e queimam uma vela todos os anos em Fátima pelo seu clube;

- Sportinguista - gosta das cores natureza, é sensível e altivo, um/a verdadeiro/a senhor/a  :) o animal preferido é o gato e tratam-se por você (na cama deve ser tão mais excitante);

- Portista - faccioso, gosta de cores frias desde o branco ao cinzento passando pelo azul bebé, que também é cor de macho e adoram o Quim Barreiros e o Pedro Abrunhosa. Tratam-se por nomes carinhosos como filho da .... e vacas (isto eu ouvi num jogo).



Está na hora da medicação que é como quem diz, mais um episódio das Donas de casa desesperadas.

See ya! ; )

6 comentários:

Dexter disse...

Mais um excelente post :)

Mas discordo aí de umas certas coisas:

- em primeiro lugar quero dese já adiantar que gosto da tua família, revelam um gosto clubístico irrepreensível!

- quanto aos sintomas, a taquicardia e o enfarte dá-se quando a equipa adversaria cria uma jogada de perigo, pq qdo é golo, o coração já parou.

- e tb adianto que durante um jogo n consigo comer nada, tal é o nervoso.

E posto isto...

VIVA O BENFICA!!!

Sofia disse...

:) Obrigada!

Se eles fossem de outro clube como o sportingo p.e. que é logo o que me ocorre eu teria de ser do FCP.

Por fim que come durante o jogo é aquele que só foi porque o obrigaram e foi observar de perto o comportamento humano em estado selvagem.

Correcção!
VIVÓ BENFAS (ouvi num jogo) ;)

Dexter disse...

Hummm...foi um adepto benfiquista que disse isso? É que normalmente BENFAS é depreciativo....

Sofia disse...

Sim, pelo menos estava de vermelho e chamou uns nomes menos simpáticos a alguns elementos da equipa adversária.

:)

Anonymous disse...

Sou Benfiquista!

Devo partilhar que só a partir do Euro 2004 é que me tornei mais entendida e fã de futebol, inclusivé de ir ao Estádio assistir a um jogo.

Por altura do Natal ofereceram-me um bilhete em lugar cativo (bem localizado por sinal), até aqui tudo muito bem...
Bom neste jogo estariam num total, 99,9% de homens e o 0,0001% seria eu... Bom desde muito delirio, saiam alguma troca de palavrinhas ao árbitro, nomeadamente, as tradicionais "Boas Festas" num dialecto de que enfiavam um pinheiro de natal decorado por uma via que aqui não posso revelar, mas posso dizer que deve ser doloroso ...Bom bom vamos lá ver a situação...

Desde essa data ainda não fui a um jogo...

Sofia disse...

Anónima,

De facto a sua experiência não foi das melhores.
Pode ser que eu lhe ofereça um bilhete para irmos ver um jogo e assim equilibramos a percentagem. :)

És uma grande vendida que te apelidas de uma coisa e depois torces por outra... VENDIDA!