No matter what, vai haver problemas

- Achas que estou mais gorda?

Hum... Eh... (soprar)... Bem... (suspirar) coff, coff.

Esta é a pergunta armadilha, é uma das melhores maneiras de desconversação quando o dia é não.

Sempre que é usada esta frase é como o som das sirenes em tempos de guerra, e não havendo bunkers, é melhor sair-de-casa-depressa-e-passar-o-dia-em-reunião-com-telefonemas-rápidos-só-para-mandar-um-beijinho-e-logo-à-noite-convidar-um-casal-amigo-de-preferência-muito-divertido-para-ir-jantar-e-tentar-não-falar-muito.

Por mais que se esforcem com o "Estás linda, que disparate!", " Não acho meu xuxuzinho!", e ai do homem que se atreva num "Sim, estás!" ou as suas variantes, senão estiverem a sangrar do nariz ou com o cérebro dilatado com a iminência de expelir o olho, vai haver uma revolução hormonal com lágrimas, vozes elevadas (em alguns casos elevadíssimas com direito ao dark side da língua de Camões), amuos, dias de silêncio absoluto, suspiros de sofrimento, olhares no vazio e por aí.

- Qual foi a mulher mais bonita com quem estiveste?

Outra trick question, já que, não obstante ao que responderem nunca irá ao encontro com o que ela quer ouvir. Quer dizer, ela nem sequer quer ouvir nada porque qualquer hipótese está errada.  

Quando é utilizado o habitual "Claro que és tu, fofinha!", estejam cientes de que ela vai encarnar numa criança de 5 anos, bater o pé e choramingar até obter uma resposta convincente. Ou seja, não há respostas correctas a esta pergunta porque se disserem que a X ou a Y, ela vai ficar de tal forma ofendida que nem o ramo de flores, o relógio, o perfume ou qualquer outra iguaria do género a vai demover de vos fazer sofrer uns dias. 

Claro é, que depois de caírem na asneira de afirmarem que é a X ou a Y, vão ter de passar a pente fino todas as fotografias da "indivídua" com análise minuciosa aos defeitos da mesma, bem como a comparação da fémea com qualquer animal "Tem cara de papa formigas, como é que podes dizer que é bonita?", fazendo-o sentir no pior dos homens ao cimo de planeta por achar aquela criatura engraçada, vá.  

- Não achas que está na altura de falarmos sobre nós?

Mais um labirinto de considerações irrefutáveis em que basicamente nenhuma das partes chega a conclusão nenhuma. Mas somos assim, what to do?

Chega-nos que oiçam umas coisas abstratas sobre a relação a dois, que digam coisas lamechas que nos provoquem os olhinhos de bambi, que façam caracóis no nosso cabelo mesmo que estejam a pensar que vão ver "O mensageiro da morte" e comer amendoins assim que "A conversa" terminar.

Se disserem que "Não!" ou "Não há nada para falar ou há?". Temos o caso mal parado, muito mal parado. Ele é o desinteresse na relação, ele é que já não há interesse na felicidade dela, ele é que afinal não gosta dela como diz. O melhor é optarem pelos caracóis no bambi, mas isso sou eu que digo...

Last but not least!



- É impressão minha ou estás a dar razão à tua mãe?

Se disserem "Sim!", e gabo a coragem a quem o diz em poder das faculdades mentais, é menino para padecer de gaguez, tiques nervosos, ceborreia e acne agressivo com a tortura psicológica e física a que será submetido até ao fim da vida por ter dado razão à progenitora em detrimento da sua amada.  

Se disserem que "Não!", é possível que conheçam o lado mais irónico e sarcástico da pessoa que está à vossa frente sem que lhe reconheçam uma característica do passado amoroso e calmo que fora outrora, com a obrigatoriedade de manifestar perante a mãe que a razão não está do lado dela. E não sei o que será pior, se uma mãe zangada ou uma namorada/companheira/mulher irritada.