sexta-feira, 15 de outubro de 2010

We use to be friends

Caution: TPM is in the house



Isto é naturalmente um texto onde se vislumbra uma ponta de pena. Sim, pena. A tristeza nestes casos não tem lugar porque são atitudes deliberadas, independentes, lúcidas e de livre vontade.
Por maior que seja a distância geográfica eles permanecem, ainda que se vejam raramente, ainda que se falem mensalmente e às vezes nem sequer há novidades para contar. Mas é a voz, aquela voz familiar que durante anos nos acompanhou em várias etapas que alimenta a cumplicidade. 
Depois há os que se afastam porque estão já não se identificam, outros porque tomam uma atitude menos correcta e não se conseguem desculpar e muito menos pedir desculpa, outros porque simplesmente querem estar com os novos amigos. A questão que se coloca é que eram realmente amigos ou foi tudo imaginação?  
É como uma relação que se não forem as duas partes a querer, a alimenta-la, cai na rotina, na habituação e todos sabemos onde isso nos leva. 
Com a idade a capacidade de resistência à falta de consideração diminui, e que tirando uma ou outra situação em que já pedi desculpa, não com o intuito de reatar alguma coisa mas como reconhecimento de que poderia ter procedido de outra forma, há feridas que não saram com desculpas, apenas lhes resta o esquecimento. Adoptei a máxima de não fazer aos outros o que não gosto que me façam a mim, mas claro, não sou perfeita e cometo erros, como todos. Mas dizer que depois de perceber que já não vale a pena "engolir mais sapos", deixar passar, ignorar e desculpar todas as atitudes menos próprias, que é talvez das fases mais difíceis da amizade, consigo reconsiderar. Não consigo. Reconheço que aquela pessoa já não é a mesma, é um estranho em que não se sabe qual das versões é a original. É somente mais uma que passou na nossa vida, como tantas outras e mais que ainda virão.
Para aqueles que acham que a amizade se pode reatar. Eu acho que não, então com o passar do tempo pior. Mas ainda bem que os amigos se escolhem, assim podemos filtrar quem queremos que continue a fazer parte da nossa vida.


Retirada daqui

3 comentários:

Anonymous disse...

Atitudes menos correctas levam-me a cortar pela raiz o insanável. Assim fiz e assim faço.
20 anos depois do que descreves, por via linkedin, reaparece quem faltou. Aceitei...a revolta, a raiva já não estava lá, no entanto ambos mudámos e agora há que criar algo novo, senão nada nos ligará.
É um exemplo, que podia não ter volta, e como este há outros que não terão o mesmo desenlace para perda de ambos, ou não.
Em igual temática :
-We use to be family
Existe só e somente ligações, que tem de ser cultivadas, cuidadas. Não há sangue que resista à falta
destes cuidados...no fim sem estes cuidados nada restará .
Mais uma vez as acções a quem as toma e as consequências das mesmas.
Existe o perdão ? Sim .
Aceitam-se desculpas ? Sim.
A paciência tem limites ? sim.

Há que cuidar dos afectos, senão nada sobrevive.

Homem

Mariana marciana disse...

lol sei bem o que isso é... encontrei uma frase que diz muito: "Never explain--your friends do not need it and your enemies will not believe you anyway."
Talvez as coisas não sejam tão lineares, mas não anda muito longe...
bj

Sofia disse...

Homem,
Ao fim de 20 anos o que ainda há em comum? Não acho que se construa algo com base em memórias.

Comigo isso seria impensável dado que não me esqueço do que nos afastou nem os sentimentos que levaram a isso. Agora para dar este passo têm de levar a minha paciência ao limite. E se sou paciente.


Mariana,

Claro que não são tão lineares, apenas estou a falar no meu caso, que não é exemplo. Para me afastar de alguém que considero amigo demora muito mas quando o faço é porque ultrapassei os limites da compreensão.

Beijinho